Cine Pipoca: Homem de Ferro 3 & Paris-Manhattan

HOMEM DE FERRO 3 


Super sucesso de bilheteria, Homem de Ferro 3 conta a mais nova aventura do herói mais popular dos gibis: após sofrer um ataque devastador de um poderoso inimigo, Tony Stark usa toda sua inteligência para vencer esse inimigo e proteger a Terra da destruição.  Muita ação e efeitos espetaculares, Homem de Ferro 3 consegue ser melhor de todos os filmes da série, tendo como atrativo, uma atuação histórica e divertida de Robert Downey Jr, vivendo o playboy e pacifista Tony Stark pela terceira vez.



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PARIS-MANHATTAN 


Comédia do cinema europeu que conta a estória de uma jovem farmacêutica, de origem judia, a qual tem uma grande paixão pelo cineasta Woody Allen, sonha desesperadamente em encontrar um namorado. Tentando encontrar uma solução, seus pais apresentam a ela inúmeros pretendentes, porém sem sucesso, mas acaba conhecendo dois jovens e fica indecisa em qual que irá namorar. Humor leve e elegante, sendo uma grande homenagem a Woody Allen e uma exaltação a procura pelo amor.



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Um grande abraço, boa sessão, até a próxima

Qual a ligação do chefão da CBF e o assassinato de Vladimir Herzog?

Brasília, 11 de dezembro de 2012: O deputado Romário chega de mansinho na sala da Comissão. Uma centena de pares de olhos seguem o icônico Baixinho que se dirige primeiro à imprensa. “Andrew Jennings, meu amigo, como vai”, diz, enquanto aperta minha mão entre as suas.
Ele parece estar em grande forma, leve, relaxado, sorridente, e um brilho no olhar que promete: um dos maiores goleadores do mundo está prestes a marcar mais um tento. Sem fazer alarde, como sempre. Romario simplesmente marca: Gol!
“Melhor agora que encontrei você, companheiro”, respondo. Ele dá risada e vai embora, driblando as mesas para tomar assento na Comissão de Esporte e Turismo da Câmara, da qual faz parte.
Romario aguarda pacientemente por alguns minutos.  Então, o presidente da mesa lhe passa a bola: é sua vez de falar. Ele não sorri agora.
“As pessoas me param na rua para dizer: ‘Traga o Teixeira de volta, o novo presidente da CBF é pior’”.
Pronto. Com apenas uma frase ele agarrou a bola e: gol!
Durante 23 anos Ricardo Teixeira desviou dinheiro da FIFA e da CBF. O peso da corrupção finalmente o forçou a renunciar nove meses atrás e os torcedores puderam recolher as faixas “Fora Teixeira” que estendiam nos estádios.
Como o cara que assumiu a CBF, o octogenário José Maria Marin, poderia ser pior que o antecessor? Certamente ele vai fundo saqueando o futebol brasileiro, mas Marin não tem como superar as décadas de roubo de Ricky Vigarista.
A resposta está fora do campo do futebol, em uma história sórdida que vem do tempo da ditadura militar. Por isso a indignação em São Paulo – onde manifestantes protestaram diante de sua casa-  nas colunas dos jornais, no Congresso, onde foi acusado de ter “as mãos sujas de sangue”
* * * * * * * *
Brasília, 13 de dezembro de 1968: Quatro anos depois do golpe militar que implantou a ditadura no Brasil veio uma lei – o famigerado AI-5 – que dava ao milico que estivesse na cadeira da presidência o poder de fazer o que lhe desse na telha. O Congresso estava amordaçado, os partidos políticos, banidos e os direitos humanos, extintos. A censura corria solta nos jornais, na música, no teatro, no cinema.
Sabendo-se ilegítimos e odiados pelo povo, os generais declararam a guerra suja contra os opositores. Torturava-se e matava-se na Operação Bandeirantes – a OBAN – executada por policiais civis e militares e secretamente financiada por empresários brasileiros e corporações americanas – que pagavam bônus para tirar os sindicalistas de suas fábricas.
Em 1970, entre os milhares de presos estava uma jovem estudante, Dilma Rousseff, que se juntara a um grupo clandestino de guerrilha urbana. Ela descreveu, em uma entrevista de 2011, as pancadas que recebia nua e amarrada, entremeadas por choque elétricos nos pontos mais sensíveis do corpo, que chegaram a provocar hemorragia uterina.
São Paulo, 15 de março de 1971: Enquanto os torturadores da OBAN davam choques em Dilma, José Maria Marin – que muito depois se tornaria o chefão do futebol – assumia o mandato de deputado estadual. Se quisesse, Marin teria ouvido os gritos dela. Ele tinha conhecimento da tortura mas isso não o incomodava. Os militares não faziam segredo da sua brutalidade; eles precisavam de uma população acuada, intimidada para se impor.
O senhor Marin aderira à ARENA, o partido criado para os políticos da ditadura. Ele gostava dos militares porque eles o deixavam pertinho do caixa-forte; e os militares o apreciavam porque era a caixinha de música deles. Bastava apertar o botão, e lá ia Marin discursar na Assembléia, denunciando os comunistas ou qualquer um que a OBAN quisesse, dando o pretexto para prender e torturar.
De vez em quando Marin se encontrava com Sérgio Fleury nos bastidores políticos ou nos restaurantes da moda em São Paulo. Fleury era um sádico de primeira, um artista da tortura. O Príncipe da Dor supervisionava inquéritos e operava uma rede de cativeiros privados – em casas, chácaras – onde clandestinamente os presos políticos eram torturados dias a fio. Muitos morreram – ou simplesmente desapareceram.
Seus gângsters em trajes civis invadiam qualquer casa a qualquer hora e quando queriam se divertir, espancavam o suspeito. As crianças assistiam, aterrorizadas. Os revólveres disparavam. Marin tinha Fleury em alta conta.
São Paulo, janeiro de 2013: “Depois que a ditadura se instalou, ser jornalista se tornou uma ocupação prejudicial à saúde. Eu tinha saído do país seis meses antes e estava em Londres, trabalhando para o serviço brasileiro da BBC”, lembra o jornalista Nemércio Nogueira.
“Eu e um colega fizemos um lobby para que a BBC oferecesse  um emprego ao amigo e jornalista Vladimir Herzog. Em 1965 eles contrataram o Vlado, que veio com a mulher, Clarice; eles tiveram os dois filhos em Londres, Ivo e André”.
Depois de três anos na BBC, em agosto de 1975, ele voltou com a família para o Brasil, e foi nomeado editor-chefe da TV Cultura, uma emissora do governo do Estado. Agora ele estava na esfera de influência do deputado José Maria Marin, porta-voz de Fleury e dos generais.
A ditadura começava a rachar. A luta armada tinha sido sufocada, os guerrilheiros eliminados. Alguns generais pregavam um retorno gradual e cauteloso à democracia. Mas os linha-dura não queriam ouvir falar nisso; para continuar nos negócios precisavam da “ameaça vermelha”. Os soldados da tortura concordavam do fundo do coração.
Eles conseguiram ajuda externa. Os serviços de segurança da Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai lançaram a Operação Condor, sincronizada através de uma base da CIA no Panamá, prendendo e assassinando lideranças de esquerda e opositores da ditadura em toda a América Latina.
Vlado era mais do que um respeitado ex-repórter e produtor da BBC. Graduado em Filosofia, era um documentarista bem sucedido e professor de jornalismo na Universidade de São Paulo.
Outros colegas jornalistas recordam: “Vlado tinha um estilo direto e despojado de falar e escrever, e não era dado à retórica. Uma frase que usava com frequência, que resume o pensamento dele – e está gravada em sua lápide – era: “Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados”.
Sua família conhecia o medo, o medo das atrocidades. Judeus, eles fugiram da Croácia quando ele era menino por causa dos nazistas.
Ivo Herzog me disse: “Sim, meu pai era membro do Partido Comunista Brasileiro. Mas não era um grupo armado. Era mais como um grupo de debates.”
As denúncias serviam ao que Fleury e seus sádicos queriam.  Eles começaram a prender os suspeitos de serem comunistas e torturá-los para obter mais nomes.
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São Paulo, Setembro de 1975: Claudio Marques era um provocador barato, um porta-voz dos torturadores que entrava nos lares da cidade pela TV.
“Conheci o Claudio pessoalmente, como jornalista, e ele me parecia um canalha. Acho que ele não era mais do que um oportunista que viu na ditadura uma forma de obter favores, patrocínio para sua coluna, seu programa de TV, um emprego, qualquer coisa”, lembra o jornalista Nemércio Nogueira, amigo e colega de Vlado na BBC.
Claudio fazia tudo que podia para conseguir a gratidão dos generais. Fleury queria vermelhos? Claudio proveria. Ele começou a escrever sua “Coluna Um”.
“Viram o noticiário de ontem na TV Cultura? Falando do esquerdista vietnamita Ho Chi Min?”
Não interessava que a materia tivesse vindo da BBC Visnews, ali estava a prova de que o canal estatal tinha sido tomado pelos vermelhos! E o governo vai ficar parado assistindo a isso?
Isso foi na primeira semana de setembro. Dois dias depois, a coluna de Claudio espalharia o veneno pela segunda vez.
As prisões dos comunistas suspeitos começou na última semana de setembro. Amarrados na Cadeira de Dragão, com eletrodos no nariz e no pênis, e afogados em baldes de água, eles estavam gritando nomes.
A campanha se mudou para o Congresso.
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São Paulo, 9 de outubro, 1975: O fantoche escolhido para fazer o aquecimento era o deputado Wadih Helu, outra criatura da ditadura. Ele tomou assento nas fileiras da Arena enquanto providenciava lugares discretos para os interrogatórios dos torturadores de Fleury.
Helu trazia “denúncias graves” a seus colegas na Assembléia.
Veja só: o governo tinha acabado de inaugurar um novo sistema de esgoto e quem assiste à TV Cultura não ficou sabendo disso. Eles não mandaram equipe! (controle sua vontade de rir, o fim da história é funesto).
Fingindo tremer de raiva, o deputado Helu prosseguiu: “A ausência da equipe da TV Cultura nas inaugurações do governo não é novidade para quem tem acompanhado a coluna de Cláudio Marques, denunciando a infiltração de elementos comunistas na TV do estado”.
Helu subiu o tom: “Eles só mostram notícias negativas, nada de positivo. Estão fazendo proselitismo do comunismo subserviente, tornando-se, como diz Claudio Marques, ‘a TV Cultura vietnamita de São Paulo’, usando  dinheiro do povo para prestar um desserviço ao governo e à Pátria”.
Helu sentou. Era a vez do deputado arenista José Maria Marin.
“Acho estranho que apesar da imprensa estar levantando o problema há tempos, pedindo providências aos órgãos competentes em relação ao que está acontecendo no canal 2, não tenha acontecido nada até agora”.
“Não é só uma questão daquilo que eles publicam mas o desconforto que provocam não apenas aqui, nem apenas nos círculos políticos, mas que se comenta em quase todos os lares paulistas”.
Alguma coisa tinha que ser feita.
“Gostaria de chamar a atenção da Secretaria de Cultura de São Paulo, do governador do Estado que devem definitivamente apurar as denúncias publicadas na imprensa de São Paulo, em especial, pelo corajoso jornalista Claudio Marques”.
“Faço um apelo ao governador do Estado: ou jornalista está errado ou está certo. Essa omissão por parte da Secretaria do Estado e do governador não pode persistir. Mais do que nunca  é necessário agir para que a tranquilidade reine novamente nesta Casa e, principalmente, nos lares de São Paulo”.
Sérgio Fleury e seus gorilas agora tinham carta branca para trabalhar. Essa era a mensagem do discurso de Marin. O relógio estava correndo depressa no sentido de abreviar a vida de Herzog.
“Naquele tempo a gente vivia no olho do furacão”, lembra o amigo e colega de Vlado, Paulo Markun. Oito dias depois, Markun foi preso. “Fui torturado e confessei que era membro do Partido Comunista”, disse.
Na noite de 24 de outubro, 15 dias depois dos discursos raivosos de Helu e Marin na Assembléia, os policiais chegaram na TV Cultura querendo levar Vlado. Os colegas de redação argumentaram que ele estava fechando o jornal da noite e que, se o levassem naquele momento, o programa não iria ao ar. Vlado se ofereceu para ir voluntariamente à polícia no dia seguinte.
Vlado foi incauto? Era ingênuo? Um colega e amigo dele me disse: “Minha interpretação é que, morando em endereço bem conhecido, sendo um jornalista renomado, com um cargo alto na TV estatal, e sem envolvimento na luta armada, ele não tinha muito o que temer”.
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São Paulo, 25 de Outubro de 1975: Vladimir Herzog, 38 anos, acordou mais cedo do que de costume na manhã de sábado. Fez a barba, tomou banho e deu um beijo de despedida em Clarice, que ainda estava na cama.
Ela queria levantar e fazer o café da manhã, mas ele lhe disse que não se preocupasse, que no caminho pararia em uma padaria para tomar um café com leite.
No fundo, no fundo, todos os que não eram aliados do regime tinham medo de “desaparecer”. Afinal, naquela época isso acontecia mesmo. Vlado combinou de encontrar um colega que o acompanhou até o número 921 da rua Tutóia, no bairro do Paraíso, hoje o 36o distrito policial. Eles chegaram por volta das 8 horas da manhã.
Por trás dos muros altos guardados por sentinelas funcionava a OBAN. Vlado cruzou o portão de entrada e disse ao recepcionista seu nome completo, profissão, número de RG.
E esperou sentado em um dos bancos de madeira no amplo hall que conduzia a um vidro e uma porta de ferro. Minutos depois, foi levado para interrogatório.
Vlado recebeu a ordem de tirar as roupas e colocar os trajes de prisioneiro. Na sala de interrogatório já estavam dois prisioneiros com os rostos cobertos por capuzes pretos.
Um deles, Rodolfo Konder, reconheceu o amigo: “Consegui erguer um pouco o capuz e reconheci seus sapatos, os mocassins pretos do Vlado”.
Vlado negou ser membro do Partido Comunista. Konder e o outro prisioneiro foram levados. Pouco tempo depois, eles ouviram os gritos de Vlado quando os choques elétricos começaram.
Os gritos duraram boa parte da manhã. “Os choques eram tão violentos, que Vlado uivava de dor”, diz Konder. “Eles ligaram um rádio para abafar o som”.
“Cerca de uma hora depois, eles me levaram para outra sala onde pude tirar o capuz e eu vi o Vlado. O homem que fazia o interrogatório, aparentava uns 35 anos, era magro, musculoso, com uma tatuagem de âncora no braço, disse-me para falar para ele que era inútil resistir”, lembra Konder.
“Vlado estava com o capuz enfiado na cabeça, tremendo, desfigurado. Tive que ajudá-lo a escrever uma confissão dizendo que ele tinha sido convencido por mim a entrar no PCB e listar outros membros do partido”.
Sobre isso, Ivo Herzog me disse: “Eles interromperam os choques e ditaram uma nota para ele escrever. Ele obedeceu, escreveu, então refletiu e rasgou a nota. Eles aumentaram a voltagem, os gritos dele voltaram a ser ouvidos e os choques o mataram”.
Ele hesita um pouco e para de falar. “Minha família não gosta de recordar a tortura. Eles não tinha necessidade de matar meu pai – foi sem intenção”.
Fleury estava na sala? – perguntei.
“Não sabemos”, diz Ivo. “Mas  sei que o Marin estava bem preparado para colocar a vida do meu pai em perigo e assim ficar bem com os militares”.
Tarde da noite, Clarice Herzog recebeu as notícias da morte do marido.
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25 de outubro de 1975, horas mais tarde:  Os torturadores vestiram Vlado apressadamente com as suas roupas, passaram o cinto da calça em volta do pescoço, penduraram o corpo na cela e o fotografaram de novo, dessa vez alegando que ele havia se matado. A foto não era nada convincente: os pés dele tocavam o chão e seus joelhos estavam dobrados.
Seu corpo foi entregue às autoridades religiosas esperando que  fosse enterrado – e as evidências do crime também. A tradição judaica não permite que os suicidas sejam interrados em seus cemitérios. Mas quando o Shevra Kaddish – o comitê  fúnebre judaico – estava preparando o corpo para o funeral, o rabino Henry Sobel reparou nas marcas de tortura. Ele ordenou que Vlado fosse enterrado no centro do cemitério. A versão do suicídio tinha sido desmentida.
As notícias da morte de Vlado se espalharam à medida que os jornalistas e opositores gradualmente ocupavam as ruas. A tragédia havia levado para a classe média os fatos que ocorriam em todo o país. Lentamente – foi preciso outra década para restabelecer algo que parecesse mais com a democracia –, o golpe militar arrefecia. Sobel diria depois: “O assassinato de Herzog foi o catalisador da volta da democracia”.
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São Paulo, 7 de outubro de 1976: Um ano e dois dias depois de “salvar” a TV Cultura – e incitado a prisão que terminou com o assassinato de Herzog – Marin mais uma vez discursava na Assembléia Legislativa de São Paulo.
E novamente, o deputado reclamava. Não sobre os vermelhos. Dessa vez, estava aborrecido com a falta de reconhecimento público a Sérgio Fleury, o delegado. Um homem que recentemente tinha emboscado e matado os guerrilheiros corajosos o bastante para enfrentar a ditadura.
Isso foi tirado da gravação oficial do discurso de Marin: “Aqueles que o conhecem de perto, sabem que ele é um chefe de família exemplar, mas, mais do que tudo, ele cumpre seus deveres como policial da maneira mais louvável possível”.
“Não conseguimos entender como um policial desse calibre, um homem que dedicou sua vida inteiramente ao combate do crime, um homem que muitas vezes pôs em risco não apenas a sua vida mas a de seus familiares não está recebendo o reconhecimento que merece”.
“Conhecendo seu caráter como eu conheço, não há dúvida de que Sérgio Fleury ama sua profissão; de que Sergio Fleury se dedica ao máximo, sem medir esforços nem sacrifícios para honrar não apenas a polícia de São Paulo, mas acima de tudo seu título de delegado de polícia. Ele deveria ser uma fonte de orgulho para a população de nossa cidade”.
“Por isso, senhor relator, na certeza de refletir o pensamento dos moradores de São Paulo, queremos expressar o orgulho que sentimos por ter em nossa polícia o delegado Sérgio Fleury”.
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St Helier, Jersey,17 de novembro de 2012: Antigo amigo dos militares, ainda amigo de José Maria Marin e ainda procurado pela Interpol por lavagem de dinheiro, Paulo Maluf dá risada diante da decisão judicial de que ele é um ladrão que desviou 10,5 milhões de dólares da obra de uma estrada em São Paulo.
Por que ele deveria se importar? Tem 81 anos agora, o governo nunca conseguirá o dinheiro de volta enquanto ele estiver vivo nem conseguirá obter provas suficientes para recuperar os estimados 1,7 bilhões de dólares desviados por ele no decorrer de anos.
Maluf se aproximou dos cofres públicos pela primeira vez quando os generais o nomearam prefeito de São Paulo em 1969. Três anos depois ascendeu ao governo do estado de São Paulo, fez de José Maria Marin seu deputado, e lhe passou as chaves do tesouro estadual em 1982.
O acontecimento mais memorável durante os dez meses de governo de Marin em São Paulo foi ser vaiado na Assembléia Legislativa depois que veio à tona empréstimos suspeitos feitos por um banco federal. Os amigos o indicaram para dirigir a seção São Paulo da CBF.
O desempenho de Marin foi suficiente para impressionar Ricardo Teixeira que o nomeou vice-presidente da CBF em 2008. Quando as revelações que fiz a respeito das propinas de Teixeira o forçaram a sair da FIFA e da CBF, Marin era o substituto conveniente. Ele havia provado que compartilhava dos pontos de vista de Teixeira sobre o futebol; se pode ser roubado, roube. Marin foi flagrado na TV afanando uma medalha do campeonato juvenil.
Três meses depois, o brilhante jornalista esportivo Juca Kfouri desenterrou o discurso de Marin na Assembléia em outubro de 1975, denegrindo Vlado Herzog. Juca culpou Marin pela prisão e morte do journalista. Juca também apresentou aos leitores o discurso inacreditáve de Marin elogiando o torturador Sérgio Fleury.
Um jornalista de São Paulo, que acompanha a carreira de Marin, diz, “Marin não é nem um rato, é um camondongo”.
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São Paulo, domingo, 11 de Novembro de 2012: Um grupo de manifestantes está na frente da casa de José Maria Marin, nos Jardins. Carregando faixas, tambores, tamborins, microfones e um carro de som, os que protestam cantam músicas compostas especialmente compostas para a ocasião. Uma delas pergunta: “Olha a ficha suja do Marin, será que ele é? Será que ele é? Será que ele é dedo-duro?”
Entre eles está Adriano Diogo, do PT, 63 anos que também foi preso e torturado pela OBAN em 1971 e ficou na cadeia alguns anos.
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São Paulo, Quinta-feira, 27 de Novembro de 2012: Adriano Diogo está discursando novamente mas agora como parte de seu trabalho cotidiano. Ele é deputado da Assembléia Legislativa de São Paulo como era José Maria Marin 37 anos antes quando ele atacou a TV Cultura.
“Senhores e senhoras, primeiro eu quero congratular-me com essa nova geração que faz escrachos (nomeando e envergonhando) na porta dos torturadores pela ideia brilhante de ir à casa de José Maria Marin”.
“O senhor José Maria Marin, o delator da ditadura, é responsável pela prisão e assassinato de Vladimir Herzog.” said Diogo. “Ele tem as mãos sujas de sangue, não pode ser o  president da CBF.”
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Quarta-feira, 23 de janeiro de 2013: Mensagem oficial. “A Comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA) vai investigar a responsabilidade do Estado pela morte do jornalista Vladimir Herzog em 1975, durante a ditadura militar (1964-1985).
“De acordo com a petição, o Brasil não cumpriu ainda sua obrigação de investigar, perseguir e punir os responsáveis pela morte de Vladimir Herzog.
“O caso Herzog ilustra o fracasso do judiciário durante a ditadura militar brasileira e na democracia”, diz Viviana Krsticevic, diretora executiva do Center for Justice and International Law, sediado em Washington, que veio ao Brasil anunciar a aceitação da petição.
“Queremos saber quem é responsável pelo que aconteceu com o meu pai”, diz Ivo Herzog.
Ninguém vai chamar José Maria Marin para testemunhar? Ele ignorou o convite para comparecer ao encontro do Comitê de Esporte e Turismo em Brasília, deixando o gol livre para Romario.
Port Louis, Maurício, 30 de maio de 2013: Será o início do 63o Congresso da FIFA’s; espera-se dos delegados que endossem as “reformas” do  presidente Sepp Blatter. Será que José Maria Marin do Brasil será o único acusado de cumplicidade em um crime de assassinato?




Fonte: APública 

A luta dos peruanos para salvar El Paraíso


Arqueólogos e indígenas unem forças para proteger sítio arqueológico de mais de 4 mil anos, ameaçado pelas incorporadoras imobiliárias.

Eram quatro horas da tarde de um sábado, 29 de junho, quando Estequilla Rosales, uma peruana de 51 anos, ouviu um ruído vindo do outro lado do sítio arqueológico que tão bem conhece. Vice-presidenta da associação Kapaq Sumaq Ayllu há 14 anos, ela tem a missão de ajudar a proteger um patrimônio cultural nacional do Peru, o Complexo Arqueológico de El Paraíso, de 45 hectares, um dos maiores e mais antigos do Peru. Ali passa seus dias. E bem próximo, no morro de Santa Josefina, fez sua casa.
O ruído significava algo que Estequilla não poderia imaginar nem em pesadelo. Um grupo de homens, utilizando retroescavadeiras e uma empilhadeira, destruía um dos onze montículos arqueológicos registrados no sítio. Embaixo desse montículo, uma pirâmide pré-incaica de cerca de 4 a 6 metros de altura e 2,5 km2, que data do período da antiguidade.
“Eu fiquei desesperada, não sabia o que fazer, porque aqui não há sinal de telefone. O que fiz foi subir ao morro e dizer ao vigilante que chamasse a polícia”, conta Estequilla. “Agora estou mais calma. Mas quando aconteceu realmente senti uma dor imensa, como se fosse uma pessoa, um ser muito querido para mim. Porque é parte de meu país, estavam assassinando minha identidade, minha cultura. E isso é, como se pode dizer, uma traição à pátria. Eu sinto que um peruano seja tão ignorante para destruir assim”.
O Complexo Arqueológico de El Paraíso, distante uma hora de Lima, no município San Martin de Porres, está em área de expansão da especulação imobiliária. Descoberto na década de 1950, o sítio arqueológico permaneceu no abandono até dezembro de 2012, quando se iniciou o projeto implantado pelo Ministério da Cultura. Com o passar dos anos, os arredores do sítio arqueológico foram sendo tomados. Hoje, os limites do sítio terminam onde começam as plantações e terrenos privados.

Ali havia 12 pirâmides registradas. A principal foi quase totalmente restaurada por Fredéric Engel, arqueólogo suíço, entre 1965 a 1966. Em janeiro desse ano, o setor de escavações do Ministério da Cultura peruano descobriu uma evidência de que El Paraíso é tão antigo como as pirâmides do Egito ou a civilização Mesopotâmica. Ali seria um dos berços da civilização no nosso continente latino-americano, com entre 4.500 e 4.800 anos de antiguidade. A prova de que muito antes dos espanhóis, da Igreja e até de Cristo, Lima já era uma grande capital.
“É uma das poucas cidades no mundo que tem uma continuidade cultural ao longo do tempo. E isso é uma grande vantagem”, explica Marco Guillén, arqueólogo diretor do projeto desenvolvido pelo Ministério da Cultura em El Paraíso. “Lima, a capital, tem a waka (monumento antigo e sagrado) mais antiga do Peru. É como a civilização surge aqui. A destruição da pirâmide significa arrancar a folha de um livro da história do Peru. Não se pode saber o que aconteceu”.

No meio do caminho, tinha uma pirâmide

Saindo de Lima, para se chegar a El Paraíso, é preciso tomar um micro – espécie de van que domina o transporte público em Lima – até o município vizinho de Pro. É uma viagem de 40 minutos pelo caótico trânsito da capital peruana. Dali, mais dois micros até o carro, próximo ao terminal, dirigido por um membro da Associação Kapaq Sumaq Ayllu. A paisagem é árida, pontuada por residências simples. Ao entrar na estradinha que leva ao Complexo, lixo a céu aberto, urubus e crianças que procuram brinquedos em meio a sujeira.

Reparo em um muro que nos acompanha durante todo o trajeto. “É uma muralha”, explica Miguel Castillo, chefe de campo do projeto de El Paraíso, que está sentado no banco de trás do carro. Mais tarde, eu saberia que aquela muralha tem 30 quilômetros de extensão e dá a volta nos morros da região. Com o tempo, foi dividida por construções e terrenos privados.
“O Estado é ineficiente. Tem recursos para delimitar e proteger as wakas, mas não o fazem. É igual no Brasil, na Argentina… O que se tem é a iniciativa pessoal de algumas pessoas, de arqueólogos. Mas não é suficiente”, avalia o chefe de campo do projeto arqueológico de El Paraíso.
Os membros da Associação Kapaq, junto com vigilantes, haviam sofrido um atentado uma semana antes. Por segurança, um vigilante acompanhou nosso grupo – com toda a equipe de arqueólogos – durante a caminhada até a área onde a pirâmide havia sido destruída.
Os trabalhadores da região que ajudam nas escavações agora ficam sentados no alto dos morros, vigiando. Depois da derrubada da pirâmide, a segurança foi redobrada. Hoje são quatro policiais que fazem a proteção diurna e à noite, e dois vigilantes de uma empresa privada contratada pelo Ministério da Cultura, que se desdobram para cobrir os 45 hectares do sítio.

Um país de sítios arqueológicos

No Peru, qualquer equipe de construção civil é obrigada a ter um arqueólogo entre seus membros. No país inteiro, são cerca de 13 mil sítios arqueológicos descobertos. Só na região central de Lima, a capital peruana, são 366. “E isso seria só 10% ou 15% do que há”, diz Miguel Diaz, assessor de imprensa do Ministério da Cultura – criado em dezembro de 2011 (antes, os trâmites eram realizados pelo Instituto Nacional de Cultura). Ele também diz por que a pirâmide de El Paraíso teria sido destruída: “Desde os anos 1930, as invasões de terras que, supostamente, deveriam ser de propriedade do Estado, são comuns no Peru. E também há traficantes de terra, que forjam documentos e vendem as terras como se fossem suas”.
Até Machupicchu, patrimônio cultural da humanidade, passou por litígio, com a reivindicação da família Zavaleta dos lucros civis de terrenos que estariam dentro do Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu . E em 2009, numa região urbana ao lado de Lima, em Callao, os Montículos de Oquendo, semelhantes aos que se veem hoje em El Paraíso, também foram destruídos .
O arqueólogo Marco Guillén explica que as empresas destroem os montículos para sumir com as provas de que se trata de uma zona arqueológica. “Antes de serem escavados, os sítios arqueológicos ficam cheios de montículos. E as empresas imobiliárias e outros interessados se aproveitam para dizer que são apenas pedras. O objetivo final deles é urbanizar todo o sítio arqueológico”, denuncia.
Em El Paraíso, a briga é com a Imobiliária Alisol S.A.C e a Companhia e Promotora Provelanz E.I.R.L, ambas representadas legalmente por Alicia Romaní Vargas, contra quem o Ministério da Cultura fez uma denúncia penal pelos danos causados em El Paraíso à Fiscalía Provincial Penal de Lima Norte.
“As zonas arqueológicas, por lei, são próprias do Estado peruano. Mas, apesar disso, de maneira ilegal ou pouco transparente, existem construtoras, existem imobiliárias que compram terrenos arqueológicos. Com que fim uma imobiliária compraria uma zona arqueológica se não o de tratar de urbanizar a área?”, critica Marco.

Depois da denúncia, segundo conta Esquetilla Rosales, o casebre onde a equipe da Associação Kapaq Sumaq Ayllu, os vigilantes e os arqueólogos guardam seu material chegou a ser atacado no dia 2 de agosto. “Um grupo de vândalos entrou e queimou todas as nossas coisas, com a finalidade de nos assustar, para nos fazer ir embora”, afirma Esquetilla.
Os arqueólogos e os membros da Associação contam que as ameaças acontecem constantemente desde o início do projeto arqueológico. Além do incêndio, Estequilla foi pessoalmente ameaçada. “Estava voltando para casa, e supostamente nos assaltaram, um carro, uma caminhonete verde. Eu estava sentada na parte da frente e colocaram uma arma, não vi de que tipo, nem nada, colocaram aqui [aponta com os dedos da mão para a têmpora direita]. Falaram com dureza, perguntando o que eu queria ali. Me diziam: ‘Trouxeste o Ministério aqui!’. Eles dizem que é por minha culpa que o Ministério está aqui agora realizando esse projeto”, relata ela, que mesmo assim não quer sair dali.
“Como todo ser humano, sempre há um temor. Mas eu sinto que se temer, vou ficar sem fazer nada. De nada valeria a vida que a pessoa tem aqui na terra se não faz nada por seu país. É isso também que me fortalece e me anima para seguir adiante”, ela diz.

Fora de campo

Marco Guillén não é homem de usar terno. Prefere estar em campo, atuando como o arqueólogo que sonhava ser quando, menino, encantava-se com livros de história. Seu rosto se ilumina ainda ao explicar a cultura e a história arqueológica de El Paraíso e a voz trai a ansiedade da descoberta:
“Estamos descobrindo muitas das crenças que se pensavam que eram dos Incas ou dos Waris”, explica. Na verdade, elas são de civilizações mais antigas, diz. “Aqui está bem claro a divisão, temos mais figuras, mais preservadas – pelo menos por agora”.
No trabalho de quebra cabeça, como se refere à arqueologia, El Paraíso vai se revelando. “Toda semana, nós arqueólogos sentamos para discutir o que deve ser escavado, o que se está encontrando, e comparar com outros sítios arqueológicos do Peru. Assim podemos ver a relação que existe entre os sítios arqueológicos e ir formando uma ideia da sociedade da época”, explica Guillén.
O interesse por El Paraíso vem dos tempos de estudante, quando foi fazer seu trabalho de conclusão de curso. “Grandes investigadores no mundo queriam explicar a origem da civilização nesse sítio, e contavam de maneira tão apaixonada, que isso ficou gravado. Em 1999, como estudante, decidi que ia um dia escavar El Paraíso”, conta Guillén, hoje com 33 anos.
Junto a um grupo de arqueólogos e a Associação Kapaq Sumaq Ayllu, Guillén iniciou o trabalho de revitalização de El Paraíso. Em 2006, quando foi nomeado para um cargo junto ao Ministério da Cultura, defendeu o desenvolvimento do projeto arqueológico de El Paraíso, mas, sem verbas por três anos, só no final de 2012 as coisas começaram andar.
O que une Guillén – e Estequilla – a El Paraíso é a paixão. “Não é justo que um sítio tão importante se perca”, diz o arqueólogo. “Já me disseram ‘mas, Marco, por que te meteste nesse sítio se já sabia que ia dar problema com a imobiliária, por que não foste trabalhar em outro sítio?’. Não, respondo, eu renuncio à minha casa, a trabalhar tranquilo ganhando mais no escritório, para ficar no sítio arqueológico porque alguém precisa fazer isso. Apesar das ameaças de morte contra a minha gente também [os arqueólogos que trabalham com ele], acreditamos que é importante que o Peru valorize esse sítio. Não se pode deixar ao Deus dará, como querem algumas pessoas”.
Com tudo isso, acredita ele que a situação vai solucionar-se? “Se você tivesse me perguntado há um mês atrás, eu diria que sim, que vai se solucionar. Mas perguntando agora, quando já fizeram tantas coisas… Não sei”, fala com o semblante desesperançado. “Não sei se vai se solucionar”.


Fonte: APública 

ALN & MIDIANINJA - 45 anos de utopia

Eles ouviam Beatles e Rolling Stones quando a ditadura no Brasil se tornava ainda mais repressora e violenta. Pegar em armas se mostrou o único caminho para fazer o Brasil retornar ao trilho da Democracia, com participação popular. Quarenta e cinco anos depois, com as armas depostas e o processo político em curso, uma nova geração, que ouve Los Hermanos e Racionais MC, decidiu repetir o gesto. Não mais por eleições permanentes. Mas por um Brasil que sirva a todos os brasileiros, com escola de qualidade, saúde para todos e principalmente uma comunicação livre dos velhos grupos econômicos. Os 45 anos que separam os dois protagonistas nas respectivas épocas, a Ação Libertadora Nacional e o Mídia Ninja, estarão unidos neste vídeo. Um documento que Conexão Jornalismo protagoniza para ajudar a melhor contar a história que não acaba. Segue o trilho contínuo por onde trafega a utopia. Saiba mais. 

Um senhor grisalho, com voz e ânimo de menino, se senta em uma poltrona cadeira desconfortável para reviver suas memórias. Carlos Eugênio Clemente, que aos 15 anos trocou o jogo de botão pela arma de fogo e se engajou na luta armada, esteve na redação de Conexão para receber uma jovem que é em ânimo e esperança um reflexo do seu passado de 1968. Paula Castro, jornalista e idealista, é a representante do MIDIANINJA. O grupo de comunicação que abraçou o caminho das ruas e, nas passeatas, mostra o quanto lutar por um Brasil melhor é danoso e ao mesmo tempo reconfortante. A conversa, que levou uma hora e poderia ter se estendido por mais duas ou três, você ouve agora. 



Fonte: Conexão jornalismo

Cine Pipoca: A Morte do Demônio & Um Golpe Perfeito

A MORTE DO DEMÔNIO 


Remake de um dos clássicos dos filmes de terror realizado por Sam Raimi na década de 80, A Morte do Demônio conta a estória de um grupo de jovens, que para salvar uma amiga das drogas, alugam um chalé isolado, chegando lá encontram um livro misterioso e acabam despertando inconscientemente forças demoníacas, começando uma luta pela sobrevivência. Muitos sustos e suspense em um filme de terror que consegue ser mais assustador que o original.




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UM GOLPE PERFEITO 


Comédia roteirizada pelos Irmãos Cohen, Um Golpe Perfeito conta a louca estória de um curador de arte, que bola um plano para enganar um milionário fanático por obras de arte, usando uma bela mulher, a qual tentará convencer ele a comprar uma obra falsa de Monet. Muita confusão e diversão em um filme estrelado por Colin Firth, Alan Rickman e Cameron Diaz.



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Um grande abraço, boa sessão, até a próxima.

Cine Pipoca: Até que a Sorte nos Separe & Company of Heroes, o filme

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE 


 Grande sucesso recente do cinema brasileiro, Até que a Sorte nos Separe conta a divertida estória de um homem comum que acaba ganhando na loteria, mudando completamente a vida de sua família, resolve gastar tudo de uma só vez, gerando uma crise financeira. Desesperado, ele fará de tudo para que sua família não descubra. Muita diversão e altas confusões, Até que a sorte nos Separe é mais um exemplar de que a comédia nacional continua em um momento glorioso e lotando salas de cinema em todo o país.


Clique e assista:

>>>  Assistir Até que a Sorte nos Separe online  <<<


COMPANY OF HEROES, O FILME 


Company of Heroes conta a estória de um grupo de soldados americanos perdidos atrás das linhas alemães, recebem a missão de destruir uma superbomba criada pelos nazistas, buscando mudar o destino da Segunda Guerra Mundial. Muita ação e aventura num épico eletrizante, baseado em um dos games mais divertidos dos últimos tempos.


Clique e assista:



Um grande abraço, boa sessão, até a próxima.

Ditadura: Para EUAs governo militar era "paranoico" e aliado a “uma elite temerosa da massa e de seus representantes”

O recem-lançado documentário “O dia que durou 21 anos” deixa claro o apoio definitivo do governo americano ao golpe militar no Brasil no dia 1º de abril de 1964, que estabeleceu uma das mais longas ditaduras do mundo.
Influenciado fortemente pelos relatos do embaixador americano Lincoln Gordon, o governo dos Estados Unidos conspirou para derrubar João Goulart,  organizando e fortalecendo militares e civis alinhados aos interesses dos EUA. O motivo de Lincoln Gordon era claro: o governo Jango, que seria infiltrado por comunistas, era uma ameaça ao continente.
Quase doze anos depois, em 1976, era o Brasil que personificava a “paranoia” anticomunista aos olhos americanos. Em telegrama secreto enviado de Brasília, em 30 de janeiro, pelo então embaixador, John Hugh Crimmins, o governo brasileiro é retratado como “controlado e apoiado por militares conservadores que são fortemente anticomunistas – às vezes até paranoicos –” e aliado a “uma elite temerosa da massa e de seus representantes”.
“Em sua maioria, os militares estão convencidos de que o Brasil tem sido e continua sendo um dos alvos principais do que é chamado, com as letras iniciais em maiúsculas, Movimento Internacional Comunista”, ironiza Crimmins.
O objetivo do telegrama era responder a uma averiguação, movida pelo Departamento do Estado, sobre eventuais estragos na imagem dos Estados Unidos entre os brasileiros, diante da derrota americana no Vietnã, do escândalo Watergate e, em especial, das investigações, no Senado dos EUA, sobre a participação da CIA no golpe de 1973 do Chile, conhecidas como Church Report.
Crimmins constatou que, de fato, para alguns membros do governo e dos setores conservadores, os Estados Unidos estavam perdendo sua potência e capacidade de defesa do Ocidente, principalmente por influência do próprio Congresso americano. Para os militares brasileiros, o sistema político ideal seria um governo concentrado no poder executivo.
“O governo brasileiro, e brasileiros informados em geral, tem tido pelo menos algum contato com as regras básicas e mecanismos do processo político dos EUA, e eles estão cientes da existência, por exemplo, do papel do Congresso no processo de tomada de decisão nacional nos EUA, de grupos de pressão, do princípio da igualdade dos poderes em um sistema de freios e contrapesos, e da liberdade de imprensa. O que muitas vezes eles não conseguem entender totalmente são as implicações desses elementos para uma sociedade verdadeiramente liberal e pluralista. Inclinados a julgar a estrutura política dos EUA baseados em sua própria experiência, esses brasileiros estão dispostos a interpretá-lo como um governo que é, ou que pelo menos deveria ser, dominado pela vontade do poder executivo em assuntos vitais”, analisa Crimmins.
O embaixador aponta ainda a tendência de ver a “a assertividade do Congresso e as exposições agressivas da imprensa sobre casos como o Watergate e da CIA, como comportamento destrutivo e indisciplinado, fomentado por influência comunista na imprensa e encorajado pela fraqueza do que deveria ser ‘a autoridade máxima’, o poder executivo”
O caso do Vietnã também havia afetado a visão brasileira em relação à capacidade e disposição dos Estados Unidos em aceitar envolvimentos internacionais. Por isso, ainda que o Brasil mantivesse a preferência de lidar bilateralmente com os Estados Unidos, havia um senso de solidariedade com os vizinhos latinos que poderia ser útil para pressionar os EUA em questões de interesse direto do Brasil.
A conclusão, porém é otimista. Segundo Crimmins, à época, figuras importantes do governo brasileiro sustentavam que “o destino do Brasil era melhor ao lado dos poucos ricos e poderosos do que da maioria pobre e fraca”.

FROUXIDÃO FINANCEIRA


A revelação do Watergate e a exposição da atuação da CIA não tiveram grande impacto no Brasil, segundo escreveu Crimmins. Por aqui, não se entendia qual era a grande indignação do povo americano em relação a esses casos.
Para o embaixador, o que realmente preocupava os conservadores brasileiros eram as “altas taxas de divórcio, crime, pornografia e drogas”, vistas como “expressões de decadência que contribuem para o mal-estar político dos EUA”.
“Curiosamente”, escreveu o embaixador, “essa atitude puritana contra a ‘permissividade’, que também é ampla e fortemente mantida dentro do Exército brasileiro, não é levada para o campo administrativo, onde a ‘corrupção’ é qualificada mais como frouxidão financeira do que torpeza moral”.
No caso de Watergate, os círculos conservadores consideraram a revelação dos grampos republicanos no escritório democrata como desnecessária e autodestrutiva, “com elementos de lesa-majestade”. Já nos círculos liberais, prevalecia opinião de que essa era “uma demonstração inspiradora de fidelidade ao princípio e à resiliência das instituições democráticas”.
As revelações da participação da CIA no golpe de 1973 do Chile também dividiram as opiniões, mas nesse caso por uma margem mais “estreita, enevoada pela perplexidade geral, por não entender qual era o grande problema”. Segundo o embaixador, o público, em geral, não achou as revelações excepcionais porque estava “condicionado a uma forte presença de forças de segurança na sua própria vida diária”.

Fonte: APública