É um filme déjà vu. Passa sempre em bares, baladas e faculdades. A relação amigável iniciada para virar namoro e que não ganha esse futuro (a chamada zona da amizade) também agita a web. Em redes sociais todo dia há piadas sobre o cara que aposta alto na linha “sou seu amigão”, é bonzinho demais com ela e termina amigo fiel em vez de amante.
Você pode topar com uma situação assim, se ainda não viveu uma. Ou com um amigo para tirar dessa. Várias vezes, o camarada não saca que está virando irmão da donzela. “Quando vê que a mulher não está interessada, muito homem continua se submetendo. Falta-lhe autoestima para assumir a situação e ele segue se deixando ser usado”, diz Jussania Oliveira, psicóloga de São Paulo e consultora da MH.
Também há homem que não consegue assumir que perdeu. Obsessivo, não aceita ter errado na abordagem. Ao não se identificar como carta fora do baralho dela, se complica e também acaba na zona de amizade. Aí, eles viram anzol alheio, paga-lanche, confeiteiro ou tartaruga.
Identifique esses estereótipos (caracterizam comportamentos específicos) e veja como sair fora deles para levar a musa para um programa a dois.
1 – O paga-lanche
Perfil: Os approaches desse cara são na base do cash. Ele não se incomoda em queimar carvão: aposta que bancar jantares, drinques, baladas para a garota é garantia de sucesso. Mas, ao fechar a conta, a pegação nunca rola. O paga-lanche é o amigo gente fina que sempre proporciona diversão, ou melhor, o começo da diversão. Durante o jantar com ele, ela flerta com o moço da mesa ao lado. Ou na balada, ao voltar do banheiro, conhece outro bonitão e o leva para curtir a festa no camarote do paga-lanche. Ou, depois de tomar algumas biritas na conta dele, vai para a pista de dança e seduz o cara da firma. E o paga-lanche volta para casa no zero a zero. Na próxima vez, ele age igual e nada de gol.
Saia da zona de amigo: Bancar a conta é, sim, uma gentileza. Homem que costuma pagar as saídas passa a imagem de cuidador e provedor. E por mais independente que a mulher seja, valoriza isso, mas é um investimento de alto risco, pois se pode apostar muito e perder.
Gentileza demais, para compensar timidez e afins na demonstração do interesse por sua amiga, fortalece o lado amigo e ofusca o homem conquistador. Sem dar pistas mais assertivas sobre sua real intenção, não espere agradecimentos mais calorosos. Crie coragem e quebre a conduta. Nem sempre banque a noite e, ao sair com ela, também preste atenção ao redor. Ao notar que não é seu único alvo, ela pode se sentir desafiada, até enciumada. Num próximo encontro, diga en passant que era muito a fim dela quando se conheceram. Recebeu um sorriso de canto de rosto? Fale que o sentimento não mudou e roube um beijo. Veio uma negativa? Ao menos, saiu do chove-não-molha. Parta para outra.
2 – O confeiteiro
Perfil: A estratégia para ficar perto da musa é sempre encher a bola dela (mesmo que hoje nem esteja tão lindona, usando uma roupa estranha, por exemplo). O confeiteiro joga confete: elogia a rodo, dá presentes, até empresta o ombro para ela chorar o pé na bunda que levou do professor da academia.
Na visão dela, em vez de um homem que a deseja, ele é uma festa. Sendo a chuva de confete que nunca deixa o carnaval dela acabar, a bonita sempre o requisita quando precisa levantar a moral. Mas só quando precisa disso (eis o drama). O cara que está sempre elogiando, sem contexto e em qualquer ocasião, torna-se um chato. E não passa a ideia de ser verdadeiro. O clamor se perde pelo excesso. Elogio exagerado pode ser tiro no pé.
Saia da zona de amigo: Pare de se torturar: não ouça mais os “mi-mi-mis” dela com pose de imbatível. Lime o comportamento fraterno. Elogios, só quando der vontade de fazer, e não sempre que notar que ela precisa. Aí, busque fugir do óbvio. Lance o enaltecimento sincero de quem conhece bem a pessoa, as qualidades dela. Também valem algumas brincadeiras-críticas vez ou outra – mas pegue leve, pondo sutileza no tom de voz. Que tal: “Linda, você emagreceu demais. Tá faltando perna aí.” Surpreenda-a, desligue o piloto automático.
Vá apimentando cada vez mais as palavras, deixando-as mais másculas (“Agora, sim, você está gostosa”), externando seu macho interesse. Até achar que dá para tascar um beijo na querida. Ou dizer que está muito a fim disso. Se vier a negativa, já sabe: parada resolvida, trilha livre para investir em outra. Ou, sabendo da verdade, quem sabe ela não muda de ideia daqui a um tempo?
3 – O anzol alheio
Perfil : A figura típica é o cara citado no início da postagem. Ela pede e, sem hesitar, ele a acompanha a festas da firma, happy hours de negócios, até àquele almoço do primo do primo. Como bom amigo, entende que pode ser desconfortável para ela ir a certos eventos sem companhia masculina. E paga de anzol para outro. Coadjuvante não tira casquinha e é apresentado como “Fulano, um amigo”, fica desfilando ao lado da dama, levantando a autoestima dela, que ganha confiança, fica poderosa. Aí, não é de se estranhar se, no meio do evento, ela der um perdido e for embora com outro, sem avisar.
Saia da zona de amigo: Você só é chamado para sair quando a garota não tem com quem ir? Atenção. Avalie se não é sua carência afetiva ou a simples vontade de estar ao lado dela que o faz embarcar nessa posição. Aí, reúna forças e recuse convites-roubada assim. Deixe claro que quer sair quando a intenção for somente se divertirem juntos. Assim não passa a impressão de ser alguém controlável – o que pode beneficiar uma amizade, mas não o sexo. Mulheres gostam de atitude. É preciso ser firme, definido. Não tema botar a musa no paredão e dizer que não está mais a fim de programas malas.
Se o você já investiu um tempo significativo e ainda não alcançou o objetivo, é preciso dar um xeque-mate: dizer que gosta dela e bancar a reação da garota, totalmente imprevisível. Muitas vezes ela não espera uma declaração de alguém tão próximo. Então, faça com jeito. Não deixe a garota se sentir objeto sexual, pois ela vai se assustar. Fale de seu desejo enquanto enaltece as afinidades de vocês, amenizando o impacto da revelação. Recebeu uma invertida? Não titubeie. “Diga que vai se afastar. Ela pode sentir falta e mudar de perspectiva.” Eis a chance de a garota pensar que, se a companhia era tão boa, a transa também pode ser.
4 – O tartaruga
Perfil : Possui todas as características dos bonzinhos anteriores. Ainda assim, e inacreditavelmente, goza do poder de manter a donzela realmente a fim dele. Serve de capacho, é ótimo para visitas à casa da avó dela, tem ouvido paciente para chororô, paga todo tipo de lanche, elogia desmedidamente e qualquer pessoa que está à volta enxerga claramente que a garota deseja o camarada.
O problema dele? Apesar dessa dádiva, o tartaruga não avança: é incrédulo na situação e no taco dele. Devagar quase parando, não acredita que uma princesa dessa o deseja. Tem medo de partir para cima dela, numa atitude positivamente mais agressiva. Por quê? É um homem que deposita e investe muita expectativa no outro, busca realizar vontades do outro e não quer, ou teme, realizar as próprias. Tem autoestima comprometida.
Saia da zona de amigo: Você já conseguiu o mais difícil, meu caro: tem o desejo dela. Pare de procurar pelo em ovo. Escutar pessoas à sua volta pode ajudar. Seus brothers confirmam que a musa é a fim de você, ela não poupa demonstrações disso, até mesmo sua mãe já comentou! É incentivo o suficiente para você confiar mais em si e correr para o ataque, não? Depois, se der errado, você ao menos pode respirar aliviado. Saiu da zona desconfortável do amigo.
Lembre-se da seleção natural: “para ser um macho vencedor, determinado grau de agressividade é absolutamente necessário”, aponta Carlos Eduardo Carrion, psiquiatra de Porto Alegre, membro da Associação Brasileira de Estudos sobre a Impotência e consultor da MH. Mas sem ser grosseiro, claro.
Deixar o status de amigo bonzinho não significa virar mal-educado, vale lembrar. Ter boas maneiras é sempre vantajoso, até na cama.
fonte: blog Comico
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