Certamente você deve ter visto ou ouvido falar na discussão entre Emílio Surita e Raquel Sheherazade no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, que bombou hoje nas redes sociais.
Pois bem, assisti ao vídeo da discussão hoje durante o horário de almoço e mesmo já conhecendo as opiniões fundamentalistas e conservadoras da jornalista, acredito que consegui entender a indignação do Emílio enquanto Raquel apresentava sua opinião, profunda como uma colher de água, sobre o tema da redução da maioridade penal, ai foi onde a discussão entre os dois esquentou.
Não irei entrar em detalhes sobre a discussão em si ou sobre quem ta certo e quem ta errado, pois, sairia do foco do título deste texto.
Durante a discussão, Sheherazade frisou em alguns momentos, enquanto defendia sua posição sobre a maioridade, o termo "lei do livre arbítrio" no intuito de que o jovem deve ter/tem a escolha de seguir o caminho certo ou o errado, onde citou como exemplo o ex-ministro da suprema corte Joaquim Barbosa dizendo que ele era um menino pobre que chegou ao STF por méritos, sem ajuda. Nesta hora, Emílio, prontamente, a interrompeu e usou um exemplo para rebater e criticar a meritocracia que ela defendia.
É ai que começa a primeira contradição e, talvez, falta de informação da jornalista, pois, como poderia um menino pobre chegar a suprema corte sem nem um tipo de ajuda? Certamente por ter uma origem humilde deve ter passado por muitas dificuldades, mas, mesmo que tenha bancado seus estudos com seu trabalho o então exemplo mencionado por Raquel, para chegar ao cargo supremo, não teve que participar de alguma eleição e ai sim vencer por méritos, teve que contar com a indicação do então presidente Lula para chegar ao referido cargo, ou seja, ele precisou de uma "ajudinha" minha cara jornalista.
Voltando ao termo repetidamente usado por Raquel, fiquei pensando ao longo do dia e analisando as posições dela sobre outros temas que também se enquadram nesse termo da "lei do livre arbítrio".
Se devemos respeitar as escolhas individuais das pessoas, por que então não aplica-se este mesmo conceito quando for debater, por exemplo, sobre a legalização e regulamentação da maconha ou do aborto? Afinal, ambos se enquadram na questão de escolha de cada um em querer usar ou não, em querer interromper um início de gestação por questões que vão desde ambiente familiar, preparo econômico e psicológico ou continuar com a gestação e ter plena consciência da responsabilidade que esta decisão trará, ou então, na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, oras, é uma evidente escolha particular, motivada por questões sentimentais, de se unir a outra pessoa ou não.
Certamente esses temas não se enquadram no "livre arbítrio" da jornalista, pois, ferem os princípios religiosos da mesma, ou seja, um direito pétreo das pessoas só pode ser usado como justificativa quando convém a situação. Chega a ser irônico, um termo que possui a palavra livre ser usado como justificativa para prender jovens.
Por fim, se pudesse fazer uma pergunta a Raquel, lhe questionaria se quando seu filho por ventura comete algo de errado ela o prende no quarto por horas ou tenta conversar e mostrar-lhe o erro que cometeu, se for o caso, dando a oportunidade para que concerte o erro?
Segue abaixo o vídeo da discussão: