Crime bárbaro choca cidade e região


Se o nível de cruelda- de investido no assassinato cometido neste fim de semana em Timbé do Sul chocou a região inteira, o responsável pelo crime não demonstrou nenhum tipo de remorso pela forma brutal como o fato aconteceu. Assassino confesso, Fernando Vanuti de Oliveira Silva, de apenas 18 anos, conversou com o Correio do Sul e declarou: "Não me arrependo". Muitos o conheciam como uma pessoa calma, mas era com as pessoas mais próximas que ele exibia o outro lado de sua personalidade.

Acompanhe a reportagem e saiba mais a respeito do jovem que cometeu um dos crimes mais chocantes do extremo sul catarinense.Com informações repassadas pelo delegado André Coltro, responsável pela delegacia de Polícia Civil da comarca de Turvo, e depoimentos coletados junto a familiares e amigos dos dois envolvidos, a reportagem do Correio do Sul remontou o que teria levado ao assassinato de Lindomar Barros, 44, cometido por Fernando Vanuti na área central do município de Timbé do Sul por volta do meio dia de sábado.Usuário de entorpecentes e consumidor também de bebidas alcoólicas, Lindomar costumava receber outras pessoas na casa onde residia para compartilharem o uso de drogas. Neste fim de semana não foi diferente.Segundo relatos, o homem teria recebido a visita de outras três pessoas na noite de sexta-feira. Fernando era um deles. "Na sexta o Fernando ficou aqui em casa até umas 9 horas da noite. Depois saiu e voltou no sábado, umas 3 horas da tarde", afirmou Aparecida de Fátima, única parente consanguínea de Fernando em Timbé do Sul.Em conversa com parentes de um dos outros dois homens que também estiveram no local do crime, apurou-se que a 'festa' entre os quatro teria ido até às 3h da madrugada, momento em que uma das duplas deixou a residência de Lindomar. Fernando permaneceu para dormir na casa, fato que ocorria com certa frequência.



A partir deste momento não se tem informação se eles teriam ido dormir ou continuado com o consumo de álcool e drogas, mas Lindomar chegou a ser visto na companhia de Fernando ainda no sábado pela manhã, quando estiveram em um comércio local para comprar um vidro de álcool.Retornando à residência, um desentendimento entre os dois foi o estopim para um dos crimes mais brutais da região. "Ele começou a falar da minha família, dizer que ia dormir com minha mãe, passar a mão na minha irmã, aí fiquei com raiva", contou Fernando, já na cela da delegacia de Turvo.As insinuações com conotação sexual despertaram um lado de sua personalidade que Fernando tentava manter escondido e somente revelado às pessoas mais próximas.

Motivado e entorpecido pela droga, ele golpeou Lindomar por diversas vezes nas pernas, tórax e cabeça se utilizando de vários instrumentos. "O primeiro golpe teria sido na perna de Lindomar, que teria apenas se defendido e mesmo assim foi vítima de vários outros golpes, inclusive no rosto", informou o delegado André Coltro em entrevista ao programa Correio Repórter, da rádio 93.3FM, na manhã de ontem. Na sequência várias facas, chaves de fenda e um facão foram utilizados para ferir a vítima.Em seguida, segundo depoimento de Fernando à polícia, ele decepou a mão direita e os genitais de Lindomar, citados por ele mesmo em suas insinuações referentes à mãe e irmã do seu assassino. "Ele disse não lembrar dos mínimos detalhes do que ocorreu neste momento. Lembra de ter extraído a mão e jogado próximo a pia da cozinha, não se recorda exatamente de ter ligado o fogão ou de ter colocado propositadamente a mão na frigideira", esclareceu delegado. Além da mão ter sido colocado na frigideira, parcialmente frita, a genitália foi colocada próximo ao ânus e a frase 'Nunca mexa com minha filha' foi escrita com o próprio sangue de Lindomar na parede ao lado do corpo, deixado sobre uma cama e com as várias ferramentas cravadas nos locais golpeados. "Pedimos que ele reescrevesse a frase num papel e o que Fernando colocou foi 'Nunca mexa com minha família', dizendo que na verdade sua intenção era escrever 'família' e não 'filha'. Essa foi a versão apresentada pelo Fernando", explicou o delegado.


A tia Aparecida de Fátima informou que o sobrinho Fernando voltou a sua casa, distante cerca de duas quadras do local do crime, por volta das 15h de sábado, apenas uma hora depois do horário apontado na certidão de óbito de Lindomar como hora da morte. "Ele chegou e à noite ficou em casa. Tomou banho, foi dormir, no domingo ainda perguntei o que ele queria para o almoço. Não demonstrou nada, tava normalzinho, normalzinho...", relembrou a tia.O corpo de Lindomar foi encontrado pelo proprietário do imóvel onde ele vivia no início da manhã de segunda-feira. Diante do atraso do homem ao trabalho, o locador foi até a casa e se deparou com a cena do crime, acionando a polícia.Fernando foi preso preventivamente no município de Meleiro, onde também estaria Lindomar se não tivesse sido assassinado, já que os dois eram colegas de trabalho.

Álcool e droga uniam dois homens

Pai de cinco filhos, Lin- domar Barros estava separado da esposa havia cinco anos. Segundo Silvana Barros, o irmão nunca havia deixado de dar atenção à família que mora em Balneário Arroio do Silva, remetendo mensalmente ajuda financeira. "Não tinha muito contato com os irmãos. Tinha a vida dele, trabalha de segunda a sexta, não incomodava ninguém", declarou a irmã. Seu único problema, apontou Silvana, eram o álcool e as drogas. "Comprava sua bebida e consumia em casa, a gente sabia que era usuário (de drogas), mas também era na casa dele, sem incomodar ninguém."Vanderlei Florêncio, proprietário de um bar próximo ao local do crime, afirmou também que Lindomar com frequência visitava o estabelecimento.

"Os dois vinham aqui. O Lindomar vinha, tomava a sua cervejinha, comprava a sua bebida e ia pra casa. Já o Fernando eu não conhecia muito bem, mas sempre me pareceu tranquilo e não costumava beber aqui", contou o dono do bar.No domingo, depois de ter cometido o crime, Fernando ainda esteve no bar sem qualquer tipo de atitude que demonstrasse o que havia feito. "Todos ficamos surpresos, nunca se imagina que alguém tão próximo seria capaz de algo tão brutal", salientou Vanderlei.Embora não aparentasse à sociedade, Fernando trazia consigo um passado conturbado. O rapaz encontrava consolo nos braços da namorada, uma jovem de apenas 16 anos com a qual dividia sua dupla personalidade e também sua história de vida.Abandonado pelo pai junto com a mãe, Fernando a viu também deixá-lo de lado ao casar-se novamente. No município de Caxias do Sul, na serra gaúcha, aos 12 anos já não seguia ordens de ninguém, se envolvendo com o mundo das drogas e com a violência. "A mãe dele é assim, um pouco o quer e outro pouco não o quer", relatou a tia de Fernando, Aparecida de Fátima.O rapaz teria vindo fugido para Timbé do Sul, onde buscou abrigo junto à tia, irmã de sua mãe. "Ele veio para trabalhar por aí, trabalhou por um tempo, foi embora. Depois voltou, trabalhava durante a semana e às vezes voltava pra casa da mãe", explicou Maria Aparecida.Em Timbé do Sul, o envolvimento com as drogas não cessou e a violência era parcialmente controlada, submergindo apenas em algumas situações de convívio íntimo.

Em Timbé do Sul, Fernando Vanuti de Oliveira Silva não tinha paradeiro certo. Ora dormia na casa de sua tia Aparecida de Fátima, ora na residência de Lindomar de Barros, a quem matou, e muitas vezes na rua ou na rodoviária. Mas era junto a sua namorada que encontrava maior acolhida. O relacionamento entre ele e uma garota de apenas 16 anos durou um ano e dois meses, estremecido justamente pelo uso de drogas e por suas atitudes cada vez mais violentas.

Fonte: Correio do Sul

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